sexta-feira, 10 de novembro de 2023

2º Capítulo

2 A Queda de um Anjo







Após a absolvição de César, Gustavo de Morais entrou em um abismo profundo. A decepção e a amargura corroeram sua fé na justiça dos homens, e a ética que uma vez o guiou começou a desaparecer. A satisfação profissional que a vitória no tribunal deveria ter trazido foi substituída por um sentimento de desespero e descrença, que foi transformando Gustavo em uma pessoa diferente.

Gustavo de Morais nunca foi um ser humano perfeito. Ele, como todo mundo, já tinha cometido vários erros em sua vida. Durante sua juventude, Gustavo cometia alguns atos dos quais nunca teve orgulho.

Certa vez, depois de ter torrado toda sua mesada numa locadora de videogames, Gustavo resolveu esperar seu pai dormir e, tal como um gato gatuno, foi até o escritório de seu pai e pegou cinquenta reais que havia na gaveta.

A culpa por seu ato durou alguns dias. Apesar de cometer tais atos facilmente, ao final do dia a consciência de Gustavo sempre o atormentava. Nesse caso em específico, atormentou tanto que ele acabou falando para o seu pai. Não se livrou do castigo, mas a conversa que teve com seu pai foi uma lição preciosa.

– Meu filho, – seu pai começou, olhando diretamente nos olhos de Gustavo, – este mundo está repleto de tentações e desafios. Todos nós, em algum momento, somos testados e podemos tomar decisões que não são as melhores. Você pegou dinheiro que não era seu, e eu sei que você entende que isso foi errado. Mas a verdadeira medida de um homem não está em nunca cometer erros, mas em como ele reage depois de cometê-los.

E seu pai seguiu aconselhando. – Quando cometemos um erro, temos duas opções: podemos ignorá-lo, fingir que nada aconteceu e continuar no mesmo caminho; ou podemos reconhecer o erro, aprender com ele e fazer tudo ao nosso alcance para não repeti-lo. A primeira opção pode parecer mais fácil no começo, mas é a segunda opção que faz de nós pessoas melhores.

As palavras do pai nunca mais saíram de sua cabeça. Apesar de muitos erros que cometeu durante sua vida, os ensinamentos de seu pai eram sua bússola moral.

No entanto, após o julgamento de César, era como se essa bússola tivesse quebrado. César Andrade, o assassino que ele sabia ser culpado, estava agora livre, graças à sua própria habilidade de manipular os fatos e persuadir o júri.

Gustavo se viu preso em um conflito interno entre a obrigação de defender seu cliente e a consciência de que tinha liberado um monstro na sociedade. Era o loop de consciência em pleno funcionamento.

Este conflito se refletiu em seu comportamento até que chegasse o momento em que Gustavo daria um basta. Ele havia decidido acabar com aquele duelo interno entre o certo e o errado.

O que ele escolheu?

Jogar fora a bússola quebrada.

Gustavo, outrora respeitado por sua integridade, passou a aceitar qualquer caso, independentemente da crueldade do fato ou da culpa ou inocência de seus clientes. Seu único critério passou a ser o pagamento generoso. Não importava mais se seus clientes eram inocentes ou culpados, justos ou corruptos. Ele simplesmente não se importava.

O homem que uma vez representou o símbolo da justiça e da equidade agora estava mergulhado em negócios obscuros e eticamente questionáveis. Aceitou subornos, manipulou evidências e até mesmo participou de negociatas criminosas, tudo em nome de ganhos financeiros.

Gustavo tinha se tornado uma caricatura do que um dia foi. Ele se olhava no espelho e mal reconhecia o homem que via. Ele havia perdido o rumo, e a cada dia que passava, a imagem do advogado respeitado que ele uma vez foi desaparecia ainda mais.

A reputação de Gustavo começou a sofrer. Colegas e amigos o observavam com desconfiança, comentários sussurrados enchiam os corredores do tribunal e os olhares de julgamento se tornavam cada vez mais comuns. Mas Gustavo não se importava. Ele já havia abandonado qualquer pretensão de moralidade.

Este era o estado de Gustavo de Morais após o caso de César Andrade. A justiça que ele uma vez amou e respeitou se tornou uma farsa em seus olhos. Ele estava perdido, cego pela sua própria amargura e decepção.


quarta-feira, 2 de agosto de 2023

1º Capítulo é amostra grátis

        1 O Julgamento de César


No Fórum Criminal de Santa Maria, a sala do Tribunal do Júri estava repleta de espectadores ansiosos. O ar estava carregado de suspense e medo. 

Gustavo de Morais, um advogado criminalista conhecido por sua sagacidade e habilidade de manipular até mesmo o mais sólido dos casos, estava ali para defender César Andrade, acusado de assassinar brutalmente seus pais.

Alguns meses antes, Gustavo tinha aceitado o caso acreditando na inocência de César, considerando os detalhes pouco convincentes apresentados pela acusação.

Quando César lhe procurou, em desespero, para que lhe defendesse, a inocência nas palavras de César parecia latente. Até mesmo Gustavo, com sua ampla experiência, poderia notar se tratar tal acusação de enorme injustiça.

A denúncia era estarrecedora. As vítimas foram torturadas antes da morte, e, por fim, queimadas vivas.

Ao analisar os autos do processo, que até então vinha sendo conduzido por vários advogados, um após o outro, Gustavo notou que várias questões deixaram de ser levantadas no momento oportuno.

Ao seu ver, aquilo tinha colaborado em muito para que César estivesse sendo apontado como um assassino.

Mas conforme o caso avançou, a verdade tornou-se cada vez mais inegável. Gustavo começou sua peregrinação atrás de elementos que revelassem a verdade, a inocência de seu cliente, mas as respostas apontavam para a direção diversa.

Por fim, diante dos elementos que tinha em mãos (que ainda não haviam sido anexados ao processo), a verdade brilhou na mente de Gustavo: César era culpado. 

A realidade dessa descoberta foi um golpe devastador para Gustavo, que lutou para conciliar sua ética profissional com suas convicções morais. Tais elementos nunca apareceriam no processo mas, do contrário, jamais sairiam da consciência de Gustavo.

No primeiro dia do Júri, enquanto contemplava o rosto de César, Gustavo pensou em seus próprios pais.

Sua mãe, uma mulher gentil que sempre o incentivou a fazer o que era certo, e seu pai, um advogado respeitado que lhe ensinou a importância da justiça e da equidade, e foi o exemplo de vida que norteou o caminho de Gustavo na advocacia.

Gustavo os amava profundamente e não podia sequer começar a compreender o ato horrendo de César. Seus pais tinham sido sua âncora, seu norte, e essa ligação intensificava ainda mais o dilema moral de Gustavo.

César, com os olhos frios e vazios, se sentava no banco dos réus, lançando um olhar ocasional para Gustavo. Gustavo estava sentindo um embrulho no estômago tão grande, que parecia que o café da manhã iria ser jogado para fora ali mesmo.

Mas houve um momento que Gustavo engoliu a culpa, encarando o abismo entre sua responsabilidade como advogado e sua consciência como ser humano.

Deveria ele continuar a defender César sabendo da verdade? Ou deveria abandonar o caso e deixar seu cliente à mercê da sorte de um novo bom advogado?

Refletindo sobre a decisão, Gustavo ponderou sobre os princípios fundamentais do direito. Lembrou do que sempre lhe colocava a uma distância segura entre seus casos: cada acusado tem o direito a um julgamento justo e a uma defesa adequada, independentemente de sua culpa ou inocência. 

Se ele abandonasse César, estaria violando esse princípio e, consequentemente, falhando em seu dever como advogado.

Mas ainda assim parecia difícil separar as coisas, seu lado pessoal estava afetado por tudo aquilo. E sua moralidade? Poderia ele, sabendo da verdade, realmente defender um assassino?

Foram longos dias ouvindo testemunhas, peritos, e o próprio Réu César, cuja atuação foi digna de um Oscar.

No momento dos debates, após longa explanação da acusação, apelando o promotor de justiça para a crueldade com a qual teria César cometido o crime, Gustavo estava atormentado pela sua consciência, mas a decisão que ele tomou naquele momento definiria o resto de sua carreira. Respirando fundo, ele se levantou e caminhou até a frente do tribunal.

– Senhores Jurados, – começou Gustavo, seu tom firme e olhos focados no Conselho de Sentença, – eu estou aqui para defender a inocência do meu cliente, César Andrade. Apesar das circunstâncias deploráveis do crime, é nossa obrigação garantir que ele receba um julgamento justo.

– Imaginem o quanto é terrível assassinar os pais. – Continuou Gustavo. – Agora, imaginem que lhe culpem por isso e, ainda por cima, além de reviver o sentimento da morte horrenda dos pais, ter que ser injustamente culpado pela barbárie.

O tribunal caiu em um silêncio abafado. O dilema moral de Gustavo de Morais se transformou em uma resolução. Ele iria defender César, não porque acreditava em sua inocência, mas porque acreditava na justiça do processo legal. 

Talvez sua própria vaidade tenha impedido Gustavo de abandonar o caso, pois a dificuldade do processo poderia acrescentar status à sua vitória na absolvição.

Aquela escolha, tomada naquele tribunal lotado, foi o estopim de uma nova vida e uma ruptura com sua moralidade.

As horas se passaram, e o julgamento de César Andrade avançou com um ritmo inquietante. Gustavo de Morais lutou de maneira ardente e calculista, desafiando as acusações contra César com uma mistura de astúcia e persuasão que só ele possuía. Seus dilemas internos foram resolvidos e seu desempenho no tribunal foi impecável.

Por fim, após uma semana de Júri, com todos os envolvidos exaustos, o veredicto chegou: Inocente!

A palavra soou pelo tribunal como um trovão, e um burburinho de surpresa e choque preencheu o ar. Gustavo sentiu uma onda de alívio e apreensão. Ele tinha ganho.

Ele tinha cumprido o seu dever como advogado e garantido a César um julgamento justo. A notícia da vitória iria se espalhar e ele iria ser lembrado por muito tempo por seu trabalho impecável. 

No entanto, a vitória tinha um gosto amargo. Contudo, Gustavo estava apreciando aquele amargor como um bom chimarrão.

César, o homem que ele sabia ser culpado, estava livre. Livre para retomar sua vida, enquanto as vítimas jaziam sem justiça.

Gustavo observou César deixar o tribunal, uma expressão de alívio e satisfação em seu rosto. Naquele momento, Gustavo sentiu uma onda de náusea. Seria sua consciência voltando tão rápido? Ele tinha feito o seu trabalho, mas a que custo?

Enquanto o sucesso profissional de Gustavo era celebrado por seus colegas e pela imprensa, a vitória pessoal parecia uma derrota.

Ele tinha liberado um psicopata, e a ideia o atormentava. Em sua mente, ele via os rostos de seus próprios pais, o amor e a bondade que eles representavam, e a contradição do que ele acabara de fazer era como um abismo que se abria sob seus pés

Gustavo de Morais, o grande advogado criminalista, estava em crise. Sua consciência ia e retornava em um loop infinito. A ética profissional que havia defendido tão veementemente estava agora em conflito com a moralidade que outrora lhe foi tão cara. 

Ele estava perdido em um mar de dúvidas e questionamentos, lutando para encontrar um equilíbrio entre o que ele acreditava ser certo e o que era necessário para exercer seu ofício.

Nem imaginava Gustavo que essa batalha interna era apenas o prelúdio de um julgamento muito maior. Uma avaliação de sua vida e suas escolhas. A vida após a morte lhe reservava um tribunal que faria uma sessão de Júri de Santa Maria parecer uma mera brincadeira de crianças. O verdadeiro julgamento de Gustavo de Morais ainda estava por vir.


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terça-feira, 1 de agosto de 2023

 


14º colocado da semana em vendas!🎉🔥


O meu livro "O Julgamento de Gustavo", está na posição de 14º mais vendido dessa semana do site Uiclap.


Se você ainda não conhece a história que está por trás desse sucesso, apresento-lhe esse livro de ficção que se passa no purgatório, narrando todo o julgamento de um advogado que se corrompeu em nome da fama e sucesso profissional e, agora, encontra-se em seu próprio julgamento, onde não é mais capaz de usar de seus artifícios para conseguir se safar.


O enredo é repleto de memórias e dilemas morais dos atos cometidos por Gustavo em vida.


Além disso, o julgamento se torna algo muito mais complexo quando as próprias políticas celestiais são questionadas.


É uma história única, sem dúvidas!






 LIVRO IMPRESSO.


Pessoal, tendo em vista que eu ainda não obtive retorno da Amazon sobre a disponibilidade da versão impressa, bem como até as minhas cópias tem previsão de chegar só no final de Agosto, resolvi contratar também outra editora, que rapidamente disponibilizou a versão impressa.

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A venda do e-book pela plataforma Kindle seguirá normalmente.




 Finalmente, o momento tão esperado chegou! “O Julgamento de Gustavo", o primeiro livro de um universo fictício repleto de dramas éticos do cotidiano, mesclados com um toque de fantasia paranormal.


Nesta obra emocionante, o escritor Gabriel Mariano Schneider convida você para uma jornada de reflexão e autoconhecimento através da vida e julgamento de Gustavo, um advogado criminal bem-sucedido que se encontra em um tribunal celestial após sua morte.

Com uma narrativa profundamente envolvente e personagens intricados, este livro desafia suas concepções sobre moralidade, justiça e o propósito da vida. "O Julgamento de Gustavo" é mais do que apenas uma história - é um espelho de nossas ações e escolhas.

Você consegue prever o que virá a seguir? Você está preparado para mergulhar nas profundezas da alma humana e enfrentar o reflexo de suas ações?

Não perca a chance de ser um dos primeiros a descobrir o universo de "O Julgamento de Gustavo". Disponível AGORA para compra na Amazon (Comprar e-book).

Celebre conosco este lançamento especial e embarque nesta jornada de descobertas! Garanta já o seu exemplar e comece esta incrível aventura!


O Julgamento de Gustavo - Origem



O Julgamento de Gustavo - Origem


Desde 2014, escrevo um livro de ficção. Na época, estava me aproximando do final da graduação em Direito e, por isso, o protagonista acabou sendo um advogado.
O projeto ficou inacabado até que, no início deste ano, resolvi retomar a criação e concluí-lo.
Segue a sinopse:
"Quando Gustavo, um bem-sucedido advogado criminal, morre repentinamente, ele se encontra diante de um tribunal celestial para enfrentar um julgamento divino sobre suas ações terrenas. Mas este não é um tribunal como conhecemos na Terra. Este é o cenário de um embate cósmico que vai muito além do destino de uma única alma.
Gustavo, imerso em memórias e descrenças, começa a refletir sobre seu passado, suas escolhas e seus dilemas morais. Seu julgamento torna-se uma metáfora da própria existência humana, conforme o leitor é levado a rever a vida de Gustavo, desde sua infância até sua tumultuada adolescência e sua explosiva carreira de advogado.
'O Julgamento de Gustavo' é uma história profunda e reflexiva, que leva os leitores a questionar a natureza da existência, a moralidade e o propósito da vida."

2º Capítulo

2 A Queda de um Anjo Após a absolvição de César, Gustavo de Morais entrou em um abismo profundo. A decepção e a amargura corr...